
História da Mesbla
Publicado em: 10-06-2020Muitos cariocas têm memórias afetivas da velha loja de departamentos Mesbla. Mas essa história vai além de memórias pessoais. O DIÁRIO DO RIO conta um pouco dela, hoje, aqui.
Tudo começou na Rua da Assembleia, número 83, no Centro do Rio. No local foi instalada, em 1912, uma filial da firma Mestre & Blatgé, com sede em Paris e especializada no comércio de máquinas e equipamentos.

No entanto, a filial brasileira tinha pouca importância dentro da organização francesa espalhada pelo mundo. Quatro anos depois de sua instalação, em 1916, sua administração foi entregue ao francês Louis La Saigne, até então subgerente da filial em Buenos Aires.
Já em 1924 La Saigne transformou o estabelecimento carioca em uma firma autônoma, com o nome de Sociedade Anônima Brasileira Estabelecimentos Mestre et Blatgé, que em 1939 passou a denominar-se Mesbla S.A.
“Esse novo nome era uma combinação das primeiras sílabas do nome original, que foi sugerida pela secretária de Louis La Saigne, Isaura, por meio de um concurso interno. Existia a preocupação porque no início da Segunda Guerra Mundial a França se manifestou solidária a Adolf Hitler, o que poderia ocasionar represálias no Brasil com referência ao nome”, informa o pesquisador Marcelo Costa.

La Saigne teve quatro filhas, e a mais velha casou-se com Henrique de Botton. Após um dia de intenso trabalho, Louis La Saigne, o fundador da Mesbla, morreu em sua residência na noite do dia 18 de janeiro de 1961. Sua casa é hoje o belíssimo Solar Real, reputada casa de festas em Santa Teresa.
Com sua morte foram eleitos presidente e vice-presidente dois de seus mais antigos funcionários, respectivamente, Silvano Santos Cardoso e Henrique de Botton.
Na década de 1950 a empresa tinha lojas instaladas nas principais capitais do país e em algumas cidades do interior. Em 1952, que a Mesbla abriu sua primeira loja de departamentos, no prédio da Rua do Passeio, no centro do Rio de Janeiro. A diversificação de atividades nas décadas de 60 e 70 transformou a Mesbla em uma das maiores empresas do país.

Nos anos 1980 a Mesbla tinha 180 pontos de venda e empregava 28 mil pessoas. Suas lojas de grande porte, com áreas raramente inferiores a 3 mil metros quadrados, eram pontos de referência nas cidades onde a Mesbla se fazia presente. Seu edifício-sede ainda chama atenção, garboso e art déco, na frente do Passeio Público; hoje, é propriedade da São Carlos Empreendimentos, e a imensa loja embaixo dele, com mais de 6.000m2, é uma gigantesca filial das Lojas Americanas.
Os funcionários diziam que a Mesbla só não vendia caixões funerários, que são para os mortos; para os vivos tinham todas as mercadorias, desde botões até automóveis, lanchas e aviões. Difícil esquecer da Mesbla Veículos, concessionária Chevrolet, ou da Icônica Mesbla Náutica, na Barra e em Botafogo.
A Mesbla encerrou suas atividades em 1999, quando decretou falência após uma tentativa do controverso empresário Ricardo Mansur de reviver seus tempos de glória. As memórias pessoais ficam.
Uma curiosidade: o famoso relógio da Mesbla, que até hoje enfeita a Rua do Passeio, no Centro, tem uma réplica em menor escala em Paquetá, de frente para o mar, na antiga sede recreativa da Companhia na ilha. Ali, depois, funcionou o Hotel Farol de Paquetá.