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Marroni Alves: na Baixada Fluminense ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais

Publicado em: 30-04-2021

O Dia da Baixada Fluminense surgiu a partir de um encontro da Comunidade Cultural da Baixada, na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, FEBF/UERJ. Houve o entendimento que a região deveria ter um dia para relembrar sua história, seu desenvolvimento, suas riquezas, cultura, problemas sociais e que fosse uma data que servisse para tomada de posição em defesa da região. Então, desde 2002 através da Lei n° 3.822, todo dia 30 de abril é o Dia da Baixada Fluminense.

A Baixada Fluminense é formada por 13 municípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São João de Meriti e Seropédica. Em torno de 3,7 milhões de habitantes moram aqui, e concentramos cerca de 22,57% da população do estado do Rio de Janeiro.

É preciso lembrar que a memória da Baixada é vilipendiada. Prédios, igrejas e casarões tombados pelos IPHAN e INEPAC, que contam parte da história do país, estão perto de cumprir o “tombamento” definitivo e outros já deram lugar a lojas. A luta mais recente, foi em defesa do Terreiro de Joãozinho da Goméia.

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Para quem vive na região o desafio de acordar bem cedo, dormir muito tarde, trabalhar, estudar, pegar trem lotado e correr em busca de um lugar para o sonhado cochilo são tarefas comuns. Aquele que chega ou sai da Baixada por uma rodovia, também sabe quando isso acontece de olhos fechados: é só pegar a Linha Vermelha e chegar na altura do Aeroporto do Galeão. É tanto desnível e remendo de asfalto que seu cochilo, logo avisará onde estará. É batata! Digo, Baixada!

Pior ainda é o desafio dos trabalhadores de Magé e Guapimirim: pegam os trens movidos a diesel até Saracuruna, outro até Gramacho e enfim, o que vai até a Central do Brasil. Ufa! São as caras tristes de Solano Trindade, querendo chegar em algum destino, em algum lugar.

E a ferrovia conta muito de nós. Foi em um dia 30 de abril de 1854, a inauguração da primeira Estrada de Ferro construída no Brasil por Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, que ligava o Porto de Mauá (Estação Guia de Pacobaíba) à região de Fragoso, munícipio de Magé. A partir daí foram construídas outras ferrovias na região e a Estrada de Ferro tornou-se um marco histórico da ocupação urbana. Foi o começo do fim dos portos fluviais de navegação pelos rios e dos caminhos de tropeiros e o início do processo de surgimento de vilas e povoados que se organizaram em torno das estações ferroviárias e origem das cidades da Baixada.

Cidades que vivem o problema comum que é a falta d’água e o saneamento, que deveria ser básico. Nossos rios, tornaram-se valões, assoreados, com moradias irregulares e as doenças de veiculação hídricas batendo na porta dos barracos, que denunciam outro problema: o crescimento irregular, desordenado e a falta de programas habitacionais.

O problema da água, é o maior desafio da região. Muitas vezes, moradores do entorno da estação Guandu – a maior estação de tratamento de água do mundo -, não tem água na bica. Tome nota: é a Baixada quem produz o “ouro incolor” e manda para a capital. O engraçado é que lá, não falta, mas aqui ficamos mais de dez, quinze dias sem água. Final de rede, vão dizer alguns moços.

Na saúde, o cenário da COVID-19 monstra o quanto somos frágeis, esquecidos e colocados em segundo plano. Os índices de infectados e óbitos não param de subir, a vacinação virou palco político e até Satanás foi chamado. Faltam testes, leitos e respiradores e sobra descrença de muitos que seguem aglomerando nas praças e calçadões.

Imagine quem vem lá de Japeri? Vem com muita fome! Na Baixada, haja gente com fome! Mas quem dá de comer? A Baixada soma pobreza e desigualdade. E o resultado dessa equação é a violência. Segundo o ISP, os treze municípios da nossa região registram juntos 59,1% mais assassinatos que a capital. A grande maioria desses óbitos: jovens negros.

Não dá para esquecer a falta de creches, vagas nas escolas, o desrespeito às pessoas com deficiência nos transportes públicos, as religiões de matrizes africanas, a forma desrespeitosa que alguns gestores municipais tratam os servidores públicos e a transparência com a utilização de nossos impostos. As cidades da Baixada tem problemas iguais qualquer outra, mas a maioria são comuns. E como nenhuma cidade vai resolver de forma isolada esses problemas , os prefeitos poderiam começar a pensar nas soluções de forma consorciada e integrada. Seria um bom começo.

Enquanto isso, é difícil não pensar que na Baixada ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais. Mas com estusiasmo, reafirmo as palavras do poeta de Paracambi: “Eu moro na Baixada Fluminense, quem quiser que pense o que quiser pensar. Estou num sufoco medonho, mas não me envergonho desse meu lugar”. Viva e vive a Baixada Fluminense!

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