Rica culturalmente, a cidade do Rio de Janeiro guarda heranças históricas de populações diversas, inclusive na culinária. Através de gerações os sabores foram sendo preservados e repassados como relíquias de famílias, a exemplo do que acontece com os cardápios dos restaurantes Café Lamas, Rio Minho, Leiteria Mineira e CasaUrich – os restaurantes mais antigos da capital fluminense.

Fundado em 1874, o restaurante mais antigo do Rio é o Café Lamas, que tem 151 anos. A casa fica na Rua Marques de Abrantes, 18, no bairro do Flamengo, na Zona Sul carioca. As suas atividades foram iniciadas no Largo do Machado, tendo se transferido para a Marques de Abrantes em 1976. Por suas mesas passaram nomes, como Machado de Assis, Oscar Niemayer e JuscelinoKubitschek. A fama da casa eternizada em canções populares, como Rio Antigo(Nonato Buzar e Chico Anysio), interpretada por Alcione; e em livros, como Salvador Janta no Lamas, de Victor Giudice.  A cozinha do Lamas é internacionalmente conhecida e atrai muitos turistas. A relíquia do período imperial tem uma fachada simples. Na entrada há um balcão onde são servidos petiscos e bebidas rápidas. Ao fundo, o salão principal é um ambiente mais clássico, com paredes pintadas de bege, janelas em arco, lustre central e luminárias modernas. Nas paredes, as fotos antigas contam um pouco da história da casa. O Café Lamas tem no Filé à Oswaldo Aranha seu prato principal. Além disso, serve pratos clássicos da cozinha brasileira e uma seleção de bebidas variadas.

Com 141 anos e fundado em 1844, o Rio Minho está localizado na Rua do Ouvidor, 10, no Centro do Rio. Dono de uma culinária fortemente lusitana, um dos seus destaques gastronômicos é sopa Leão Veloso, feita de frutos do mar com caldo de peixe. Outros destaques são as receitas com camarões e peixes grelhados. Aliás, para quem gosta de comer frutos do mar, o segundo restaurante mais antigo do Rio é reconhecido por essas iguarias. Com um ambiente clássico, o restaurante é frequentado por pessoas de renome desde a sua fundação. A casa é administrada por Ramon Isaac, quarta geração da família, e ocupa um sobrado histórico com paredes de madeira com azulejos portugueses. Mas o restaurante também conta com um ambiente aberto de frente para a Avenida Alfred Agache, onde funciona a Cabaça da Minho, cuja atração maior é um delicioso bolinho de bacalhau. O espaço tem vista para a Orla Conde e da região portuária carioca.

Localizada na Rua da Ajuda, número 35, a Leiteria Mineira foi fundada em 1907 e preserva a tradição dos antigos cafés e leiterias do início do século XX, servindo refeições simples e saborosas em um espaço de elegância clássica, com mesas de madeiras cobertas com toalhas irretocavelmente brancas. Os lustres instalados no teto de madeira criam uma aura intimista. As paredes são adornadas com painéis de madeira escura e espelhos emoldurados. O cardápio é variado, com refeições, porções e sobremesas.

Fundada em 1913 e localizada na Rua São José, 50, na região central, a Casa Urich é resultado da imigração alemã e reúne receitas e ingredientes germânicos e brasileiros. O restaurante, no entanto, começou a funcionar em outro ponto, na Rua Sete de Setembro, 41. O restaurante foi comprado pelo espanhol José Gil Dieguez Em 1942, transferindo-a para o atual endereço em 1950. Em abril de 1992, a administração da casa passou para novos donos – à frente do negócio até hoje – que mantiveram a tradição de mais de 100 anos, inclusive a arquitetura dos botequins do antigo Centro, com metade da parede em madeira e outra em azulejo. Os quadros antigos contam a história do lugar, e fiada de azulejos verde água combina com as toalhas de mesa. O cardápio conta com atrações, como joelho de porco, linguiças artesanais, petiscos e chopes gelados.

Os quatro restaurantes mais antigos do Rio são um registro não apenas gastronômico da cidade, mas também da sua intensa vida cultural, econômica e política. São sabores e saberes que atraem pessoas de todas as regiões do Brasil, além de viajantes globais encantados pela atmosfera leve e agradável da Cidade Maravilhosa.