Morreu na tarde desta terça-feira (08/12), aos 102 anos, a feminista e ex-dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Maria Augusta Capistrano. O falecimento ocorreu no apartamento onde ela morava com um de suas filhas, no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.

Nascida em 1918, em Bananeiras, na Paraíba, Maria Augusta Capistrano foi uma das maiores lideranças políticas femininas do Brasil. Capistrano ingressou no Partido Comunista nos anos 40, tendo sido, junto a Luzia Clerot, a primeira mulher a concorrer à Assembleia Estadual da Paraíba (Conforme retratou um artigo da época; veja abaixo ). Além disso, a ativista política fez parte da Comissão Executiva do Comitê Brasileiro pela Anistia e integrou o Centro da Mulher Brasileira.

Maria Augusta Capistrano era viúva do ex-deputado David Capistrano, também do PCB de Pernambuco e militante da resistência francesa, que lutou contra os nazistas defendendo o seu país, em 1938. Ele foi torturado e assassinado pelo Doi-Codi, na Casa da Morte, em Petrópolis, região serrana do RJ, para onde foi levado após ser preso em São Paulo, em 1974.

Ao longo da ditadura militar, Maria Augusta viveu boa parte do tempo na clandestinidade. Quando seu marido foi preso e desapareceu, em 1974 (só foram saber que foi assassinado na Casa da Morte depois da revelação de Amílcar Lobo), Maria Augusta pediu ajuda à Resistência Francesa.

Inclusive, o presidente da França na ocasião, Giscard D’Estaing, solicitou ao governo brasileiro que mandasse soltar David. No entanto, sequer obteve resposta do Itamaraty.

Maria Augusta Capistrano deixa duas filhas, Cristina e Maria Carolina. Ambas já manifestaram o desejo de escrever um livro sobre a história da mãe. O sepultamento será nesta quarta-feira (09/12) no Cemitério da Penitência, no Caju, às 16h.

Primeira mulher a concorrer à Assembleia Estadual da Paraíba em 1947

Mesmo sem conseguir se eleger, Maria Augusta Capistrano, clamava pela união feminina contra o machismo que imperava na época, conforme mostra o artigo abaixo: