História do bairro Recreio dos Bandeirantes
Publicado em: 03-06-2020Em vasto crescimento, mas ainda conservando grandes riquezas naturais, o bairro do Recreio tem uma história interessante a ser contada.
Devido à sua vegetação original, composta de restingas, de muito areal e pântano, somada à distância da Zona Oeste para o centro e a Zona Sul (onde a cidade do Rio de Janeiro teve um desenvolvimento urbanístico inicial), a região onde hoje fica o bairro do Recreio esteve isolada por muitos e muitos anos.
No início do século XX houve a aquisição das terras por Joseph Weslley Finch, da denominada Gleba B, e pelo Banco de Crédito Móvel, da área da Gleba A. Isso começou a mudar a região, até então, de natureza quase intocada. O bairro que hoje tem força e pujança e uma praia movimentadíssima, era quase um deserto.
Em 1953, após o Projeto de Urbanização do Recreio dos Bandeirantes (PA 6028), de autoria do engenheiro e urbanista José Otacílio Saboya Ribeiro, as coisas começaram a andar mais depressa.
“Esse plano previa a integração ambiental e comunitária, inspirado nos ideais anglo-americanos da Cidade Jardim, conciliando a natureza local com o desenvolvimento urbano“, explica o historiador e arquiteto Tom Oliveira.
Nos anos de 1958 e 1959, a Companhia Recreio dos Bandeirantes foi responsável pela implementação do projeto e venda dos lotes recém-desmembrados que compunham a chamada Gleba B. O senador potiguar Georgino Avelino, então presidente do Banco do Distrito Federal, esteve entre os que acreditavam na expansão da cidade em direção ao Sudoeste, pressionando pela urbanização da área e sua venda aberta à sociedade. Na época, o Rio de Janeiro ainda era a capital federal.
Para isso, foi contratado o então jovem corretor de imóveis Sergio Castro, fundador da tradicional corretora que leva seu nome e que promoveu a venda em lançamento de todos os lotes da Gleba B, desde um barracão localizado junto à Pedra do Pontal. Posteriormente, este imóvel, ao fim do lançamento, foi vendido por Sergio Castro para um famoso restaurante. A corretora vendeu, sozinha, praticamente toda a área localizada entre a Avenida das Américas e o mar. Recentemente a imobiliária contou a história do Recreio dos Bandeirantes num documentário que produziu em homenagem aos mais de 100 anos do grupo do qual faz parte, conforme mostramos aqui.
Passadas algumas décadas, mesmo crescendo bastante, o bairro do Recreio enfrentava problemas com o acesso a serviços básicos como esgoto e água. O abastecimento pleno de água só foi implementado de forma abrangente na década de 1990 no governo de Marcello Alencar.
O fornecimento de energia tinha uma infraestrutura precária, e eram frequentes as quedas de energia, que causavam enormes prejuízos materiais aos moradores; a região só tinha uma única subestação de energia.
Na década de 2000, além dos problemas com luz e água, o gargalo da ausência de pavimentação com asfalto de grande parte das ruas, um grande entrave ao desenvolvimento do bairro, foram resolvidos. O bairro ainda tem problemas fundiários causados pelo seu rápido desenvolvimento e pela grilagem que ocorreu em todas as outras glebas de terras. A comunidade que leva o nome de Terreirão fica no bairro.
O Recreio, ainda em vasto desenvolvimento, segue conservando sua estrutura natural. Mostramos em uma matéria aqui no DIÁRIO DO RIOque nas ruas do bairro a presença de animais exóticos é constante. E isso tem tudo a ver com a história da região, que foi planejada para crescer sem devastar totalmente sua natureza local.
A infraestrutura comercial do bairro também vem melhorando bastante. Hoje em dia, há muitos shoppings, hipermercados, colégios, faculdades, restaurantes e bares. Isso além das praias do Recreio terem se tornado famosas por sediar campeonatos de bodyboard e servir para gravações de novelas, tanto no Pontal, como na Macumba, e em outras praias da região oeste, em Abricó (de nudismo) e na Prainha.