
Gentileza gera gentileza: Quem foi José Datrino, o ‘Profeta Gentileza’?
Publicado em: 27-03-2023Em setembro de 2022, a Prefeitura do Rio começou as obras no Terminal Intermodal Gentileza,localizado entre a Avenida Brasil e a Avenida Francisco Bicalho. O Intermodal vai integrar o BRT Transbrasil, com serviços para BRT-s, ônibus normais e até VLR. O nome do local foi inspirado do Profeta Gentileza, por sua frase marcante estar, sempre, presente no Viaduto do Gasômetro. Mas, você sabe quem foi essa personalidade importante para a história do Rio?
Buscando saciar essa curiosidade, o DIÁRIO DO RIO realiza uma matéria sobre a vida de José Datrino, o Profeta Gentileza.

Chamado divino
José Datrino nasceu em 1917, em Cafelândia, no Paraná. O “chamado divino” de profeta veio quando ele ainda era criança, por volta dos 13 anos. José sempre dizia que tinha “uma missão a cumprir na Terra”.
Em 1961, após um incêndio do Gran Circus Norte-Americano de Niterói – no qual morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças – Datrino afirma, em historias populares, ter ouvido “vozes astrais” e dirigiu-se ao terreno do circo para plantar um jardim sobre as cinzas.
No local, morou por quatro anos e trabalhou como “consolador voluntário”, confortando com palavras de bondade às famílias das vítimas da tragédia. Lá, ele recebeu dois apelidos: “José Agradecido” e “Profeta Gentileza”.
Viaduto do Gasômetro
José foi um pregador urbano e ficou muito conhecido por suas inscrições, repetidas, em pontos da capital do Rio de Janeiro, mais especificamente nas pilastras do Viaduto do Gasômetro. Testemunhas da época dizem que o homem sempre era visto rondando a região, vestido com uma túnica branca.
As pregações do “profeta” eram voltadas para bondade e o respeito com o próximo e pela natureza. O Profeta Gentileza também oferecia flores para as pessoas que cruzavam seu caminho nas ruas da capital. Sempre com educação e gentileza.
Em 1980, 56 pilastras do Viaduto do Gasômetro, que iam do Cemitério do Caju até o Terminal Rodoviário do Rio de Janeiro – numa extensão de 1,5 km – foram pintadas com inscrições em verde-amarelo, propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.


José Datrino morreu em maio de 1996, em Mirandópolis, na cidade de São Paulo. Contudo, as palavras escritas pelo profeta ainda são famosas e residem, após mais de 40 anos, no Viaduto – que está sendo transformado. Os murais, tombados pelo Patrimônio do Município em 2000, ainda espalham o grande recado de harmonia, pois, a gentileza ainda gera gentileza.
Homenagens
Em 2000, o professor do Departamento de Arte da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do Movimento Rio com Gentileza, Leonardo Guelman, lançou o livro Brasil: Tempo de Gentileza e, em 2009, publicou também o Univvverrsso Gentileza (Ed. Mundo das Ideias). Ambos inspirados na história de José.
Em 2001, o Profeta foi homenageado na Sapucaí do Rio de Janeiro, pela Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, com direito a desfile de autoria de Joaozinho Trinta. No enredo, a mensagem principal do Profeta era cantada: “Gentileza gera gentileza, amor”.
