
Saiba qual é a origem do nome do seu bairro: Histórias curiosas por trás de Tijuca, Copacabana e Outros
Publicado em: 19-05-2025O Rio de Janeiro é uma cidade repleta de histórias, e muitas delas estão escondidas nos nomes dos seus bairros. De origens indígenas a homenagens a figuras históricas, cada nome carrega um pedaço da memória carioca. Você sabia que Ipanema significa “águas perigosas” em tupi? Ou que Copacabana tem raízes incas e já se chamou Sacopenapã? E que Piedade era conhecida como “Terra dos Gambás” antes de um apelo emocionante mudar seu destino?
Neste especial, desvendamos a etimologia e as curiosidades por trás dos nomes dos bairros do Rio, revelando como línguas indígenas, navegadores estrangeiros, membros da realeza e até mesmo gambás ajudaram a batizar algumas das regiões mais famosas da cidade. De Leblon (que homenageia um holandês) a Santa Cruz (cujo nome veio de um cruzeiro jesuíta), mergulhe nessa viagem pelo passado e descubra o que os nomes do Rio têm a contar.
- Andaraí – seu nome provém da expressão indígena “Andirá-y”, que significa “Rio dos Morcegos”, na linguagem dos índios tamoios que habitavam a região. O “Rio dos Morcegos” hoje é denominado Rio Joana, que atravessa o bairro, dividindo as duas pistas da Rua Maxwell.
- Bangu – O nome tem duas origens possíveis: a primeira remete ao ‘paredão negro’ formado pela sombra do Maciço da Pedra Branca no vale; a segunda vem de ‘banguê’, termo africano para uma padiola de fibras ou couro usada no transporte de cargas. É possível, inclusive, que desse processo meio desordenado de transporte tenha surgido a conhecida expressão “à bangu”, que significa “fazer alguma coisa sem a menor técnica, de improviso”.
- Barra da Tijuca – O nome Barra da Tijuca refere-se à foz (barra) do rio que corta a região, próxima à Floresta da Tijuca, nome de origem indígena que significa “mata fechada”. Originalmente, a área era formada por manguezais, restingas e matas densas. A partir da década de 1970, passou por grande urbanização, tornando-se um dos bairros mais modernos e planejados do Rio.
- Botafogo – foi batizado em 1590, quando Antônio Francisco Velho vendeu suas terras para um amigo, João Pereira de Souza Botafogo. Botafogo tem sua história ligada a seu porto natural, utilizado desde o período colonial para o desembarque de mercadorias e passageiros. O bairro cresceu bastante com a chegada da estrada de ferro e o desenvolvimento do transporte público no século XIX.
- Brás de Pina – deve-se ao antigo proprietário de suas terras, Brás de Pina, que aqui mantinha um engenho de açúcar no século XVIII.
- Campo Grande – O nome refere-se às grandes áreas de campos abertos que existiam na região. Antigamente era uma zona rural que se urbanizou no século XX, tornando-se um importante bairro do Rio.
- Cidade Nova – tem registros que remontam ao período do reinado de D. João VI. Até o início do século XIX, a região era um alagadiço que servia de rota de passagem entre o Centro e as zonas rurais da Tijuca e São Cristóvão. Com os aterros feitos para melhorar essa travessia, surgiu o projeto de impulsionar o crescimento da cidade para a área, daí o nome.
- Copacabana – significa “mirante do azul”, na língua inca quíchua. Também existe uma cidade boliviana nas margens do Lago Titicaca com o nome de Copacabana. Originalmente, o nome do bairro era Sacopenapã.
- Cosme Velho – é uma homenagem ao comerciante português Cosme Velho Pereira, que, no século XVI, habitava a parte mais alta do vale do Carioca. Na parte mais baixa do vale havia grande número de laranjeiras, dando origem também ao nome do bairro vizinho, Laranjeiras.
- Engenho da Rainha – fazia parte das terras pertencentes à rainha Dona Carlota Joaquina, casada com D. João VI e mãe de Dom Pedro II, daí o nome.
- Estácio – em homenagem ao fundador da cidade, Estácio de Sá.
- Flamengo – é uma homenagem ao navegador flamengo, na verdade holandês, Olivier Van Noort, também conhecido como LeBlond.
- Gávea – devido à vista privilegiada da Pedra da Gávea (embora esta se localize em São Conrado, outro bairro), que foi assim batizada por ter em seu topo uma formação rochosa semelhante à gávea dos navios.
- Glória – o bairro deve seu nome à Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, uma das primeiras construídas na cidade no século XVIII, em torno da qual se consolidou o povoamento da região. A igreja batizou Afonso Henriques de Lima Barreto, figura relevante na corte de D. João VI. O bairro foi ainda pioneiro na imprensa carioca e berço do Carnaval da Glória, festa que marcou a cultura da cidade.
- Grajaú – foi dado em homenagem à cidade de Grajaú, terra natal do engenheiro que projetou o bairro, no interior do Maranhão. Várias ruas do bairro têm nome de cidades e rios maranhenses.
- Guaratiba – em tupi-guarani, significa morada ou sítio das garças.
- Humaitá – seu nome provém da batalha do Humaitá, travada na Guerra do Paraguai.
- Ilha do Governador – habitada pelos índios Temiminós, que a abandonaram devido aos ataques dos inimigos Tamoios e traficantes franceses de pau-brasil, os quais foram definitivamente expulsos em 1567 pelos portugueses. A ilha foi doada, em 5 de setembro daquele ano, por Mem de Sá a seu sobrinho Salvador Correia de Sá (o Velho), futuro governador (daí o nome do bairro) da capitania.
- Inhoaíba – era “Terras do Senhor Aníbal”. Como se falava “Nhô Aníbal”, o nome pegou.
- Ipanema – significa “águas perigosas” em tupi.
- Jacarepaguá – deriva de três palavras da língua tupi-guarani: yacare (jacaré), upá (lagoa) e guá (baixa) – a “baixa lagoa dos jacarés”. Na época da colonização, as lagoas da baixada de Jacarepaguá eram repletas de jacarés.
- Jardim Botânico – leva esse nome por ser a localização do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
- Laranjeiras – O nome do bairro vem das plantações de laranjeiras que existiam na região durante o período colonial. Laranjeiras foi um dos primeiros bairros residenciais do Rio e abriga importantes edifícios públicos e culturais, como o Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio.
- Largo do Pechincha – recebeu esse nome devido ao comércio tradicional e forte, onde funcionava um grande mercado, frequentado por pessoas de todas as partes da cidade, que barganhavam na hora de comprar mercadorias. Então, quando queriam comprar alguma coisa, as pessoas diziam que iam “pechinchar no largo”.
- Leblon – o nome tem origem numa chácara pertencente ao holandês Charles Le Bron, que existia no local em meados do século XIX.
- Leme – recebe o nome por causa da Pedra do Leme, contornada pelas praias da Urca e Botafogo, cujo formato, visto de cima, se assemelha ao leme de um navio.
- Madureira – era a região de uma fazenda existente na época, arrendada por Lourenço Madureira.
- Maracanã – vem do tupi maraka’nã, que significa papagaio. Provavelmente, o rio homônimo recebeu este nome por ter suas cercanias habitadas por uma ou mais espécies desses pássaros.
- Méier – em homenagem a Augusto Duque Estrada Méier, proprietário das terras que hoje são o bairro.
- Olaria – recebeu o nome devido aos senhores de engenho, que mantinham no local inúmeros fornos, sendo a primeira olaria construída em 1821, no século XIX, por iniciativa da família Ferreira, aproveitando a abundância de barro oriundo do Morro do Alemão, pertencente àquela época à dita família.
- Paciência – Os mensageiros do imperador, ao levar documentos da Quinta da Boa Vista para Santa Cruz, paravam em um ponto de descanso para aguardar autorização ou trocar os cavalos. A demora era tanta que o local ficou conhecido como ‘casa da Paciência’. Muitas vezes levavam um dia para ir até a casa da troca de animais e aguardavam dois ou mais dias para a liberação. Quando saíam da Quinta da Boa Vista, tinham diversos destinos e se perguntavam para onde iam — o destino deste mensageiro era “a casa da Paciência”!
- Paquetá – o nome da ilha é de origem tupi e significa “muitas conchas”.
- Pavuna – dentre as numerosas “ocaras” alinhadas na sua margem direita, uma, pelo menos, que corresponderia à de “Upabuna”, estaria localizada às margens do rio que lhe deu nome, o rio Pavuna.
- Penha – em homenagem à Nossa Senhora da Penha.
- Piedade – o nome do bairro era “Terra dos Gambás” (por existirem gambás aos montes) e os moradores se reuniram e escreveram uma carta ao diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, no fim do século XIX. O texto era o seguinte: “Por piedade, doutor, troque o nome da nossa estaçãozinha”. O apelo acabou dando certo. O diretor respondeu: “Minha senhora, será feito. E o nome do bairro será Piedade”.
- Pilares – a história do bairro surgiu na época da família real no Brasil, quando no seu largo havia pequenos pilares em volta de uma fonte de água. Os pilares serviam para amarrar os cavalos, para que eles pudessem beber água da fonte. O Largo dos Pilares era uma das paradas do caminho real de Santa Cruz, onde hoje existe a Avenida Dom Hélder Câmara, antiga Avenida Suburbana.
- Realengo – significa “Real Engenho”, que abreviado lia-se “Real Engo”.
- Recreio dos Bandeirantes – O nome homenageia os bandeirantes, exploradores do interior do Brasil. A região era um campo aberto antes de se tornar um bairro residencial na década de 1980.
- Santa Cruz – porque os jesuítas colocaram uma grande cruz de madeira, pintada de preto, encaixada em uma base de pedra sustentada por um pilar de granito. Mais tarde, já durante o Império, o cruzeiro foi substituído por outro de dimensões menores. Atualmente, existe uma cruz no mesmo local, mas não é o cruzeiro histórico, e sim uma réplica erigida durante o comando do então Coronel Carlos Patrício Freitas Pereira. O cruzeiro deu nome à Santa Cruz.
- Santa Teresa – surgiu a partir do convento de mesmo nome localizado na região.
- Santo Cristo – o bairro deve seu nome à Igreja do Santo Cristo, construída em frente ao cais do porto.
- São Clemente – por causa de um grande proprietário de terrenos naquela parte da cidade, o Sr. Clemente de Matos, muito devoto do santo do qual herdou o nome.
- Saúde – recebeu este nome por origem de uma promessa religiosa a Nossa Senhora da Saúde, que salvou a esposa de um rico comerciante português, o qual ergueu uma capela sobre um morro rochoso de frente para o mar.
- Sepetiba – em tupi, significa “sítio dos sapês”. A região já foi coberta por florestas.
- Tijuca – em tupi-guarani, significa brejo, lamaçal. Além do significado em tupi-guarani, Tijuca é conhecida por seu crescimento na virada do século XIX para o XX com a expansão urbana e chegada do bonde. O bairro também abriga o Parque Nacional da Tijuca, uma das maiores florestas urbanas do mundo.
- Urca – era o nome do navio do holandês Olivier Van Noort, o LeBlond.
- Vigário Geral – conta-se que o padre responsável pela paróquia de Nossa Senhora da Apresentação (que existe até hoje, em Irajá) vinha pela estrada de ferro. De lá, ele seguia por uma estrada até a igreja, e, sendo responsável por toda a freguesia de Irajá e por utilizar sempre o mesmo trajeto da ferrovia até a igreja, a estrada por onde ele passava recebeu o nome de “Estrada do Vigário Geral” (parte ainda existente nos dias atuais), que deu nome ao bairro homônimo.
- Vila Isabel – batizada em homenagem à Princesa Isabel.
- Vila Valqueire – que, na verdade, era um terreno que media cinco alqueires. Como a placa fazia a indicação com algarismos romanos, “V Alqueire” virou Valqueire.