
A história da Ilha do Governador: de ‘bairro mais antigo’ do Rio até a divisão em 14 outros bairros cariocas
Publicado em: 22-05-2025Em 1502, no contexto da chegada dos europeus ao Brasil, os portugueses adentraram a Ilha do Governador e se depararam com indígenas Temiminós.
“A hoje Ilha do Governador era chamada de Ilha de Paranapuã, que significa colina do mar. Também era chamada de Ilha dos Maracajás – nome de um pequeno felino -, que era como os Tamoios chamavam os Temiminós. As tribos eram rivais”, contou o historiador Maurício Santos.
A Ilha, que é terra natal de Arariboia, foi abandonada pelos Temiminós devido aos ataques dos Tamoios.
O nome Ilha do Governador surgiu em 5 de setembro de 1567, quando o governador-geral do então Estado do Brasil, Mem de Sá, doou ao seu sobrinho, Salvador Correia de Sá, mais da metade do seu território na Ilha.
Por conta desse antigo batismo, muitos pesquisadores consideram a Ilha do Governador o bairro mais antigo da cidade do Rio. Outros estudiosos analisam que a divisão por bairros começou muito tempo depois, então, a Ilha não estaria necessariamente liderando a lista.

Como era comum no Brasil da época, as terras onde hoje fica a Ilha do Governador foram utilizadas para o plantio da cana-de-açúcar.
A Família Real Portuguesa também faz parte da história da Ilha do Governador. No século XIX, o Príncipe-Regente D. João VI utilizou a Ilha para suas caçadas. A Praia da Bica, talvez a mais famosa do bairro, tem uma fonte que existe até hoje e serviu para os banhos de Dom Pedro, quando ainda era menino.
O desenvolvimento da Ilha do Governador ampliou-se ainda mais a partir da ligação física regular da ilha com o continente, efetuada por barcas a vapor com atracadouro na Freguesia desde 1838.

Em 1855, os habitantes da Ilha do Governador sofreram muito com uma epidemia de cólera.
No início do século XX, os bondes chegaram à Ilha, efetuando a ligação interna de Cocotá à Ribeira (1922), percurso estendido posteriormente até ao Bananal e a outros pontos.
Em seguida, se instalam as unidades militares: a Base Aérea do Galeão, os quartéis dos Fuzileiros Navais e a Estação de Rádio da Marinha.
Em 23 de julho de 1981, através do decreto nº 3.157, do então prefeito Júlio Coutinho, no governo estadual de Chagas Freitas, o bairro da Ilha do Governador foi oficialmente extinto e transformado nos seus atuais quatorze bairros. A Ilha passou a ser uma ilha também na classificação oficial da cidade.
Os bairros dentro do que já foi o bairro mais antigo do Rio são: Bancários, Cacuia, Cocotá, Freguesia, Galeão, Jardim Carioca, Jardim Guanabara, Moneró, Pitangueiras, Portuguesa, Praia da Bandeira, Ribeira, Tauá, Zumbi.
No dia 15 de maio de 2001, o então deputado estadual Albano Reis apresentou o projeto de lei nº 2 244/2001, que previa a criação do município da Ilha do Governador. No entanto, o projeto não avançou na ALERJ.
Miguel Falabella, Lima Barreto, Renato Russo, Leandro Hassum e Fernanda Torres estão entre os nomes de pessoas famosas que moraram na Ilha do Governador.

“Além de a Ilha ser o bairro mais antigo, é o mais bairrista de todos. Dizem que o morador daqui tem até sotaque. Nós não admitimos que falem mal de nossa área. Aqui todo mundo se conhece, por isso não deixo esse lugar”, afirma o ex-secretário de educação e colunista do DIÁRIO DO RIO, Wagner Victer.