
História das corridas do circuito da Gávea
Publicado em: 18-11-2020A Fórmula 1 não vai acontecer no Rio de Janeiro. O que, no caso, foi até bom. Construir um autódromo desmatando uma floresta com mais de 200 mil árvores no último trecho plano de mata atlântica da cidade não é uma boa ideia. Contudo, em meio às especulações sobre a volta das corridas no Rio, surgiu a possibilidade de um circuito de rua, no Aterro do Flamengo. E essa possibilidade lembra outra história: a do Circuito da Gávea.

O Circuito da Gávea, também conhecido como “Trampolim do Diabo”, foi um circuito de rua que abrigou o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro e que começou a ser realizado nos anos 1930, na Avenida Niemeyer.
As famosas corridas de “baratinhas” mobilizavam muitas pessoas que ficavam à beira da pista vendo os carros passar em alta velocidade.
O circuito possuía um traçado de rua com mais de 11 quilômetros que contornava o Morro Dois Irmãos. A largada era na Rua Marquês de São Vicente. O trajeto seguia pelas Avenidas Bartolomeu Mitre, Visconde de Albuquerque, Niemeyer e Estrada da Gávea, onde hoje é a Rocinha. Com mais de 100 curvas e diferentes tipos de piso (asfalto, cimento, paralelepípedo e areia), o traçado era de risco para os pilotos. O local de largada, em que os carros cruzavam os escorregadios trilhos de bonde, aumentava ainda mais o perigo. Por isso o apelido “Trampolim do Diabo”.

“A subida era pelo atual Parque da Cidade. Tinha umas curvas de tirar o fôlego até mesmo dos pilotos mais experientes. Todavia, o circuito da prova destacava as belezas da cidade, o que na época ajudou a trazer turistas para o Rio“, conta o pesquisador Márcio Pereira.
Essas corridas, que deixaram de acontecer, definitivamente, em 1942, ajudaram a colocar o Rio de Janeiro no cenário automobilístico mundial. Atualmente, a Avenida Niemeyer tem outro tipo de corrida. A pé, atletas passam pela via na disputa da Maratona do Rio de Janeiro. Se provas de automobilismo tivessem que voltar a acontecer no Rio seria interessante que fossem na Avenida Niemeyer, no Aterro do Flamengo. Bem melhor que desmatar uma floresta para construir um autódromo.
