
Quatro lojas famosas que fecharam no Rio de Janeiro
Publicado em: 02-03-2022Lojas de departamento existem aos montes atualmente. Entretanto, há alguns anos atrás não eram tão diversificadas e as que existiam geravam uma “familiaridade” no comprador. Muitos desses antigos locais, hoje, não existem mais, porém estão na memoria do carioca. Neste texto iremos recordar algumas delas.

Mesbla

A Mesbla nasceu em 1912 e com uma proposta diferente: seu negócio envolvia importação de maquinário, automóveis, aviões e outros equipamentos e era administrada por um empresário francês chamado Luiz La Saigne. Em 1924, La Saigne decidiu transformar o estabelecimento carioca em uma firma autônoma, com o nome de Sociedade Anônima Brasileira Estabelecimentos Mestre et Blatgé, que em 1939 passou a denominar-se Mesbla S.A.
Na década de 1950, Luiz havia falecido, mas a Mesbla ainda estava viva. A empresa tinha lojas instaladas nas principais capitais do país e em algumas cidades do interior. Em 1952, foi inaugurada sua primeira loja de departamentos, no prédio da Rua do Passeio, no Centro do Rio de Janeiro, e a diversificação de atividades nas décadas de 1960 e 1970 transformou a Mesbla em uma das maiores empresas do país, com 180 lojas pelo Brasil.
Já em 1997 foi adquirida pelo empresário Ricardo Mansur, dono do Mappin, contemporânea, fundada em 1913, e grande concorrente da Mesbla. O novo dono tentou inovar, abrindo outras lojas em Santos, Shoppings e até um ponto eletrônico de vendas para comercio à distância, entretanto, todo o esforço foi por água a baixo, pois em junho de 1999 as redes Mappin fecharam, o que ocasionou, no mês seguinte, o encerramento das atividades da Mesbla.
Arapuã
Antiga concorrente da Casas Bahia, a Arapuã foi uma loja que teve seu início em São Paulo, 1957, e que logo conseguiu conquistar o Brasil inteiro, incluindo o Rio de Janeiro. A rede foi fundada por Jorge Wilson Simeira Jacob, quando ele ainda era menor de idade, que recebeu uma loja de tecidos de herança de seu pai e junto com os materiais decidiu inovar com outras mercadorias, como liquidificadores e anos depois desistiu dos tecidos e investiu no mercado de eletrodomésticos.
Em 1990, a casa era uma das mais populares do país, atingindo o posto a maior varejista de eletrodomésticos do Brasil e concorrente direto de outras empresas como Casas Bahia e Ponto Frio, e chegou ao seu maior lucro de 2,2 bilhões em 1996. Mas, o sucesso acabou em 1998, quando a empresa quebrou. Em uma viagem ao Estados Unidos, Jorge teve uma ideia ariscada, fechando 120 de suas 265, lojas e reduziu a linha de produtos de 7500 para 700 itens, concentrando apenas nos eletroeletrônicos e o tiro saiu pela culatra já que os resultados mostram a má decisão, porque em três anos o faturamento caiu de 800 milhões para 430 milhões e esse foi o começo da falência da Arapuã.
Ainda nos anos 1990 a dívida da empresa com credores chegava a mais de 1 bilhão e os credores contestaram os planos de recuperação judicial da Arapuã, entre a Philips e a Evadin (Fabricante da Mitsubishi) que pediram a falimento da empresa várias vezes. Em 2003, foi decretada sua a falência pela primeira vez e, depois de muita briga na justiça, em março de 2009 o Superior Tribunal de Justiça finalmente se decidiu pela insolvência da empresa.

Casa Sloper
Na década de 1950, uma das maiores lojas da Casa Sloper existia no Rio de Janeiro, sendo considerado um ponto tradicional da sociedade na época. Seus produtos transitavam entre acessórios, como como cordões, pulseiras, anéis, brincos, como também vendiam cosméticos, roupas femininas, masculinas e infantil, além de trajes de cama e mesa, brinquedos, cristais e objetos de decoração. Era uma casa onde se podia achar um pouquinho de tudo para a beleza pessoal e a do lar.
E a Casa Sloper era considerava mais do que uma simples loja de vendas e sim uma experiência, familiais passeavam no centro carioca apenas para verem as joias expostas nas vitrines, joias essas que chegaram a inspirar uma canção de João Bosco. Em “Bijuterias”, o cantor e compositor diz: “Transparentes, feito bijuteria da Sloper da Alma”. A canção fez sucesso como tema da novela “O Astro”, no final dos anos 1970.
A Zona Norte do Rio também teve suas Slopers. A loja tinha filiais menos charmosas, porém igualmente simbólicas, na Tijuca e no Méier, e em Petrópolis, também tinha uma Sloper para quem subia a Serra. Até o Nordeste do país foi contemplado. Na Bahia, o endereço era na famosa Rua Chile, 21, no centro de Salvador. Mas, infelizmente, o sucesso carioca veio ao fim, contudo, a memoria ainda é eterna de cabeça de muitas pessoas.
Supermercados Peg Pag

Na primeira metade da década de 1950, uma inovação no varejo brasileiro nascia, a criação de supermercados bem sucedidos no país, como o Supermercado Peg Pag, que investia em ofertas como o famoso “Pegue 2 – Pague 1”, além dos grandes e variados tipos de produtos e ainda contava com estacionamento gratuito, sistema de ar-condicionado, uma raridade à época, e farta distribuição de hot dogs por algum tempo.
Em 23 de dezembro de 1954, surgia a primeira unidade dos Supermercados Peg-Pag, na rua Rego Freitas, 172, na região central da Paulicei e o principal mentor da idealização e sucesso do primeiro supermercado brasileiro veio da mente de Raul Borges, empresário bem sucedido da época. No ano de 1955, o empresário prometeu uma abertura de mercado a cada seis meses e cumpriu essa promessa até meados de 1958.
Porém, São Paulo já estava ficando pequena para tantas redes e a expansão em metrópoles brasileiras aconteceu, seguindo com uma nova rede em nossa bela cidade maravilhosa. Em março de 1963, com a abertura da sua primeira unidade no Rio de Janeiro, em um dos corredores mais badalados da cidade, a rua Visconde de Pirajá, em Ipanema e nos meses seguintes continuaram com a ambição de conquista territorial, abrindo outras lojas em pontos igualmente valorizados como Leblon, Copacabana e Grajaú. Em dois anos, o Peg Pag já era um dos maiores sucessos do Rio. A loja mais emblemática da rede no Rio era na esquina da Bartolomeu Mitre com a Mário Ribeiro, num prédio – hoje demolido – onde hoje funciona parte do Hospital Miguel Couto.
Contudo, nessa mesma época sua maior concorrência nasceu, a rede Pão de Açúcar, e anos mais tarde esse mesmo concorrente arrematou o Peg Pag por um valor de Cr$ 250 milhões, que atualmente valeriam em real R$0,09 centavos.